Dança e Educação Física - O conflito - Parte 1

Hoje trago até vocês um debate interessante nessa Série dividida em três postagens. A Dança e a Educação física, até onde elas se completam e até onde são diferentes. Nós dançarinos muitas vezes não temos outra opção a não ser fazer uma faculdade de Educação física para termos algum reconhecimento e poder exercer nossa profissão, tendo um diploma para sustentar aquilo que passamos a vida toda praticamente para aprender. Aqui espero esclarecer um pouco essa questão.

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Esse artigo foi escrito por duas conceituadas pessoas no meio acadêmico:


A Educação Física e a Dança apresentam-se como áreas distintas do conhecimento humano. Tanto a área de dança quanto a de educação física possuem um corpo de conhecimento específico, o que pode ser observado pela existência de cursos de graduação e de pós-graduação tanto de um quanto de outro no país.
Mas esta distinção vem acompanhada de disputas de ambas as áreas pelo estabelecimento de suas fronteiras quanto ao seu próprio objeto de estudo e ao seu campo de atuação na sociedade.

No presente texto objetiva-se apresentar uma análise crítica da literatura, apontando questões relacionadas à formação e atuação de profissionais de Educação Física e de Dança no Brasil, bem como especificidades, similaridades e diferenças entre as áreas. Também serão discutidos aspectos relacionados à forma com que a educação física engloba a dança, a "disputa" legislativa que vem se estabelecendo entre elas no país, como a dança está presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)s e quais os limites de cada área. Essa polêmica Dança/ Educação Física tem se acentuado no Brasil de alguns anos pra cá, e é neste sentido que se torna relevante a sua discussão em âmbito acadêmico.

A Dança
A presença da dança no Brasil enquanto ensino se dá em alguns espaços, como clubes, academias, escolas especializadas de dança, algumas escolas particulares enquanto atividades extras curriculares e algumas escolas públicas e privadas quando o professor de Educação Física ou de Artes a insere em suas aulas.

 A formação (superior) específica na área de dança ocorre na graduação de Dança, que possui tanto a opção do bacharelado quanto da licenciatura. No Brasil há cursos de graduação de Dança tanto públicas, como é o caso da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), como em faculdades privadas como é o caso da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e das Faculdades Anhembi Morumbi (também na capital paulista). E de acordo com STRAZZACAPPA (2002-2003), a dança é reconhecida pelo Ministério da Educação "como um curso superior com diretrizes próprias desde a década de 1970" (p. 74).

 Os cursos de pós-graduação em Dança no Brasil ainda são escassos. Muitas vezes ela aparece como linha de pesquisa dentro das artes ou das artes cênicas. Mas MIRANDA (1994) acredita que a dança "está frente a mudanças significativas, evidenciadas por um maior reconhecimento do campo, uma maior aceitação como área específica e legítima de estudo" (p. 4).

Além da Dança ser estudada em sua própria graduação, "ela é compartilhada pela Educação Física e por outras áreas do conhecimento" (EHRENBERG, 2003, p. 46), ou seja, ela pode ser estudada em outras graduações, como é o caso das Artes Cênicas, Educação Artística, Comunicação Social (PACHECO, 1999), Educação Física e Artes Plásticas.

O que significa que além da Dança, os licenciados em Educação Física, Artes Cênicas e Artes Plásticas também são capacitados para ministrar aulas de dança no ambiente escolar (EHRENBERG, 2003).

Para EHRENBERG (2003), tanto os profissionais formados em Dança, como em Educação Física, como em Artes podem ensinar dança na escola, mas "faz-se necessário realmente delimitar o âmbito de atuação e deixar claro o aprofundamento dado ao objeto de estudo por cada um destes profissionais" (p. 59).


A Educação Física
A educação física está presente na escola brasileira, tanto pública como particular, como disciplina curricular obrigatória, ou seja, "a Educação Física é a disciplina curricular em todos os graus de ensino" (SOUZA NETO, 1992, p. 14). Além da escola, ela está presente em outros espectros da vida social, como clubes, academias, centros desportivos.
   
Como se sabe, ela possui curso de graduação específico, com formação voltada tanto ao bacharel quanto ao licenciado, em universidades públicas e privadas. Sua pós-graduação vem se consolidando no Brasil juntamente com grupos de estudos e meios de divulgação científica. Com o surgimento da pós-graduação no Brasil, "foram dados os primeiros passos para que a educação física desenvolvesse um corpo de conhecimento que lhe seria específico" (PELLEGRINI, 1988, p. 250).

Quando se pensa na área de Educação Física na escola, um de seus objetivos é fazer com que os alunos tenham "consciência do real valor da atividade física, do movimento à vida do ser humano" (TANI, 1988, p. 28). Ou seja, os alunos precisam incorporar "a atividade física, o movimento como fatores essenciais ao desenvolvimento do seu bem-estar geral" (id ibid, p. 28).

Para GONÇALVES (1994) o ensino da Educação Física se dá como "atuação intencional sobre o homem como ser corpóreo e motriz" (p. 134), além de ter um papel importante na "formação do homem como um ser integral e um agente de transformação social" (p. 167).

Não deixem de acompanhar o complemento desta matéria. Uma série dividida em três postagens.

Série: Dança e Educação Física - O conflito
  1. Dança e Educação Física - O conflito - Parte 1
  2. Dança e Educação Física - O conflito - Parte 2
  3. Dança e Educação Física - O conflito - Parte 3

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