Piauí - Volta ao Brasil em 27 Danças


Olá caros leitores e amantes da dança. Nossa expedição pelo Brasil já passou por 17 estados da federação e viemos hoje para falar do Piauí. Um estado bastante acolhedor e hospitaleiro. Um povo alegre e de fortes tradições culturais. Não deixem de acompanhar toda a Série: Volta ao Brasil em 27 Danças. É uma alegria e enorme satisfação escrever sobre um país tão diversificado e rico culturalmente. Que sofreu influências de vários povos em torno do planeta. Vamos então como sempre citar um pequeno trecho sobre o Estado e na sequência falar das danças típicas da região.

Piauí

Fonte: Wikipédia a Enciclopédia Livre

O Piauí é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está localizado a noroeste da região Nordeste e tem como limites o oceano Atlântico (N), Ceará e Pernambuco (L), Bahia (S e SE), Tocantins (SO) e Maranhão (O e NO). Ocupa uma área de 251 529 km²[6] (maior que o Reino Unido) e tem 3 032 421 habitantes. Sua capital é a cidade de Teresina. As cidades mais populosas são Teresina (822 363 hab), Parnaíba (146 059 hab), Picos (73 021 hab), Piripiri (62 107 hab), Floriano (57 968 hab), Campo Maior (46 068 hab), Barras (44 913 hab), União (43 135 hab), Altos (39 735 hab) e Esperantina (38 049 hab). O relevo é moderado e a topografia regular, com mais de 53 por cento abaixo dos trezentos metros. Parnaíba, Poti, Canindé, Piauí e Gurgueia são os rios principais. O topônimo "Piauí" vem da língua tupi, na qual significa "rio das piabas"

A dança do cavalo Piancó

Fonte: Portal de Amarante - Piauí
Para todos, considerada como uma Dança, porém reveremos ao longo deste trabalho que é muito mais que isso, vamos entender influências que ajudaram a definir esta manifestação. Para todos, considerada como uma Dança, porém reveremos ao longo deste trabalho que é muito mais que isso, vamos entender influências que ajudaram a definir esta manifestação, tida por muitos como uma dança, algo que veio da Comunidade Veredinha, comunidade amarantina, que trouxe, ou que inovou essa tradição folclorista, existente até hoje na cidade de Amarante.


Para entendermos um pouco da história do Cavalo Piancó é necessário que façamos uma viagem através da história vista pelos amarantinos, ao longo desses anos, para assim compreendermos melhor o contexto desta história.
“É originário do município de Amarante, os negros da beira do Rio Canindé para afugentar o sono nas noites de luar costumam dançar imitando, o trote de um cavalo manco, cavaleiros e damas aos pares formam círculo e vão trotando alegremente, ora bem compassado, batendo firme no chão, com o pé esquerdo, ora apressado, sempre trocando os pares, seguindo o enredo”.[1]
Dizer que o Cavalo Piancó é originário do município de Amarante é um pouco precipitado já que o capitulo anterior nos mostrou coisas interessantes sobre a palavra. Quando a dança que na verdade segundo relatos e entrevista realizada, se trata de uma brincadeira existente na comunidade veredinha, “Eu já nasci vendo essa brincadeira, todas nós aqui quando se entendemo de criancinha já foi vendo a roda do Cavalo Piancó e nós seguindo atrás, correndo ali!...”[2]. Uma brincadeira divertida pelo que vimos e ouvimos, pois era executada e cantada com muita animação e descontração por crianças e adolescentes da comunidade. Ela deixa bem claro também que desde que nasceu e se entendeu por gente, ou seja, teve noção das coisas, já existia a brincadeira do Cavalo Piancó, e que talvez o maior erro delas e das outras que moram na comunidade seja nunca ter perguntado, ou se interessado em saber de onde veio essa brincadeira ou como surgiu dentro da comunidade, “Ninguém nunca perguntou: Vovó da onde é, minha tia da onde é essa brincadeira, da onde vei?”. Só sabem que como a ciranda ela não possui um autor, ou seja, um criador conhecido assim citou uma delas. Pois para elas a maioria das brincadeiras não possui um criador, ou uma autor, de nome que apareça no cenário nacional, e por isso citam que o Cavalo Piancó é como a brincadeira da Ciranda sem um autor determinado.
“em grande parte- a quase totalidade- esses elementos provêm da cultura do adulto. São traços diversos da cultura animológica que, abandonamos total ou parcialmente, transferem-se para o círculo infantil, por um processo de aceitação, incorporando-se à cultura do novo grupo. São elementos da cultura adulta, incorporados à infantil por um processo de aceitação e nela mantidos com o correr do tempo.[3]
 Sabe-se que pela falta de conhecimento a fundo dos fatos não podemos nos permitir a esclarecer se houve mudanças no decorrer do tempo, até o momento em que elas participaram, já que o Cavalo Piancó era uma brincadeira infantil assim podermos dizer que modificações  houve principalmente no decorrer dos anos de 1960 até os dias de hoje, tanto na maneira como é cantada a música como na maneira de se danças, pois para que as crianças aprendessem a letra dessa música foi necessário que alguém as ensinasse ou elas tenham visto alguém fazê-la, pois houve ai uma necessidade de transferência de elementos culturais, que foi de uma maneira bem aceita pelo grupo infantil e adolescente. Mas como elas (umas das entrevistas foi cedida por várias senhoras ao mesmo tempo) mesmas falaram:
“Era, era uma brincadeira de roda igual a ciranda[4]... Tinha duas áreas: umas área aqui e outra aqui (mostrou riscando o chão com os pés / D. Elvina) ai pega aqui no braço e sai, ai dizia “ronca meu bizoro, ai é rum-rum-rum, é rum-rum-rum, é rum-rum-rum, nós brincava muito, tinha dia que nós brincava até o galo cantar. “E o Cavalo Piancó também era do mesmo jeito, subindo e descendo, e ai cavaleiro troca os pá, ai trocava o de cá ia pra lá e o de lá vinha prá cá.”
Podemos notar que existiam várias brincadeira na comunidade como Ciranda, Besouro e a do Cavalo Piancó eram todas brincadeira divertidas, que fazia das noites, das crianças e adolescentes uma festa. Como citado elas brincavam até o dia raiar, ou seja, ate o amanhecer e passavam a noite se divertido brincando e cantando nos terreiros, sempre de um terreiro ao outro,
“Nós começava benha aqui (mostrou os terreiros das casas) e ia terminar na casa da minha avó lá em baixo... O tempo todo correndo e trocando... É saída de benha ali, e ia até lá em baixo, até quando cabava o fim da rua, nós corria todo tempo, chegava lá nós fazia a curva e voltava de novo até lá. Essa era uma brincadeira assim que agente brincava demais, tanto na quaresma como no mês de maio, não tinha tempo não era na lua bonita, bastava à lua ser bonita...”[5]  
 A brincadeira do Cavalo Piancó era sempre nas noites enluaradas, pois era necessário que a luz natural iluminasse o palco das crianças da comunidade Veredinha para que elas pudessem brinca e cantar... “Ora meu Cavalo é Piancó. Ora meu Cavalo é Piancó. Ora meu Cavalo é Piancó. Bonito pra vadiar... Cavaleiro troca o par”. Sendo que esta era a música cantada pelas crianças e que sofreu modificação ao longo de algum tempo.
A brincadeira era executada sempre em casais que ficavam em fila, sendo homens de um lado e mulheres de outro, mais havia sempre uma troca, de acordo com a letra da música “... Cavaleiro troca o par”, então se trocava de par, mas apenas o homem trocava de lado as mulheres continuavam sempre na mesma posição, trocava-se de dois a dois. “Como foi mostrado aqui na apresentação da dança do Cavalo Piancó batia-se a perna esquerda fortemente e na hora de trocar de par batia-se com os dois pés, de forma bem forte, a batida da dança era essa com os pés”[6]. Deste pressuposto foi que surgiu dentre os moradores a idéia de que Piancó era um cavalo manco, sendo que a brincadeira tem características de um cavalo manco correndo pelas veredas, só que isto acontecia nos terreiros da comunidade.


Neste período os pais das crianças e adolescentes da comunidade tinham vazantes[7], onde faziam suas plantações.
 “Forma de coco que surgiu às margens do Canindé, rio de transição onde o caboclo faz suas vazantes. Nas noites enluaradas, quando vigiam as plantações rapazes e moças, para afugentar o sono entretêm-se com a brincadeira. E dançando aos pares, cavaleiros e damas em círculo vão imitando o trote de um cavalo manco. Os cavaleiros trocam e damas seguem o enredo dançando e cantando”.
Fonte:
[1] Fonte: I Encontro Cultural de Amarante de 19 a 25 de julho de 1981)
[2] Elvina Maria Miranda da Silva, 26 de janeiro de 1947, 63 anos, moradora  da comunidade Veredinha
[3] FERNANDES, F. "Em busca de uma sociologia crítica e militante" in A Sociologia no Brasil, Op. cit. p. 172.
[4] A ciranda é uma dança típica das praias, mais precisamente daquelas situadas ao norte de Pernambuco. Porém, sua origem não se restringe ao litoral. Verificou-se que seu surgimento ocorreu, simultaneamente, tanto na zona litorânea quanto em certas áreas, mais interioranas, da Zona da Mata Norte. Nos primórdios, o ambiente de apresentação restringia-se aos locais populares como as beiras de praia, os terreiros de bodega, pontas de rua, etc. Seus participantes eram basicamente trabalhadores rurais, pescadores, operários de construção, biscateiros, entre outros. É uma manifestação bastante comunitária, não tendo nenhum preconceito quanto ao sexo, cor, idade, condição social ou econômica dos participantes. (www.viagemdeferias.com/recife/cultura/ciranda.php)
[5] Elvina Maria Miranda da Silva, 63 anos, moradora da comunidade Veredinha. Brincou de Cavalo Piancó.
[6] Professora Maria Alice Fernandes, 36 anos moradora da Comunidade Veredinha.
[7] Bras. Qualquer terra baixa e plana, temporariamente alagada, ao longo dos rios, lagoas e aguadas; várzea.
Bras. (NE) Cultura feita à margem dos açudes ou no leito dos rios, quando estes voltam ao seu nível normal na época da estiagem. (www.dicio.com.br)



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