Danças Africanas - Cabo Verde - Kola San Jon


Dando seguimento a nossa Série sobre as Danças Africanas dos países que falam a língua portuguesa. Hoje vamos falar da dança Kola San Jon do país africano de Cabo Verde. Quem quiser acompanhar e até mesmo complementar a pesquisa é só visitar nossa postagem índice ( Série Danças Africanas ) que lá terá acesso a todas as matérias relacionadas. Boa leitura e estudo sobre o aprofundamento das danças dos povos co-irmão da mesma língua que nós.

Dança Kola San Jon - Cabo Verde

O Kola San Jon é um cruzar de culturas dos escravos africanos e dos portugueses que colonizaram as ilhas, como se pode testemunhar no cortejo, pela presença dos barcos que simbolizam as caravelas portuguesas e os barcos de pirataria que assolavam as ilhas, pelos "rosários", pelo ritmo frenético dos tambores, pela dança erótica, pelas oferendas.

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O cortejo é uma demonstração da criatividade e do " Djunta Mon" (juntar as mãos) desta comunidade que manteve viva esta valiosa expressão cultural, que transpôs fronteiras e que hoje é uma festa de todos nós.

 Fonte: Associação Cultural Moinho da Juventude

A magia da dialogia – O Kola San Jon na Kova M

by Ana Flávia Miguel

""O conceito de dialogia tem ocupado um lugar complexo e multi-situado nos estudos antropológicos e etnomusicológicos. No discurso académico, monológico por definição, o investigador disputa um diálogo solitário entre o trabalho de campo e a escrita, entre o seu universo de estudo e outros universos de estudo ao convocar outros teóricos. Este trabalho já é, em si, dialógico no sentido em que diferentes discursos são confrontados e constituem um ponto de partida. Mas, o centro vital do pensamento dialógico, célula a partir da qual as narrativas ganham voz e onde todas as construções de tecidos e de relações são realizadas é o trabalho de campo. O conceito de dialogia, proposto por Bakhtin (1981), e adoptado pelas ciências sociais e humanas passou rapidamente para a esfera etnomusicológica onde algumas metáforas musicais bakhtianas parecem transformar-se em metonímias; em Bakhtin, a metáfora “polifonia” é usada para salientar a diversidade de vozes existente num texto.

Em Etnomusicologia, a tradição dialógica bakhtiana parece ter ganho um novo terreno e uma nova direcção em projectos como o que o Laboratório de Etnomusicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro desenvolveu no Complexo da Maré. A presente proposta procura partilhar uma experiência de trabalho de campo desenvolvido no Bairro do Alto da Cova da Moura (Kova M), em Lisboa, a partir do estudo sobre o género musical Kola San Jon e outros comportamentos expressivos a ele associados.

No Kova M, a narrativa é cantada a várias vozes, numa “polifonia” complexa e colorida. O Kola San Jon, prática expressiva e performativa cabo-verdiana, semeia pontes identitárias com Cabo Verde assim como a presença de uma líder na diáspora transporta os imigrantes para um espaço e para ligações efectivamente lusófonas. Neste contexto cultural, a multiplicidade de retóricas existentes reclamam uma representação da diversidade de diálogos e de memórias; tudo isto se consegue através da música. E a etnomusicóloga congrega de alguma forma a garantia desse percurso simbólico em que a música parece ser a chave para a identidade e acrescenta, embora validada pelo terreno, a sua própria narrativa. É sobre esta experiência de trabalho desenvolvido em clara dialogia entre Janeiro de 2008 e Julho de 2009 que a nossa proposta de comunicação se inscreve.""

Fonte: www.academia.edu


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