Dança Japonesa - Segunda Parte

Dando continuidade aos nossos estudos sobre Danças Japonesas, trago até vocês essa postagem que representa a segunda parte de uma série. Não deixem de complementar sua leitura com: Dança Japonesa - Sua História.

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A dança japonesa no Brasil
No Brasil, muitos desses movimentos são ainda pouco conhecidos. Há representantes de algumas danças tradicionais japonesas como nihonbuyo e a escola Fujima de Kabuki, assim como pequenos grupos que cultivam o treino do shimai (dança do teatro nô). Há também artistas que estudaram o nô para criar novas possibilidades de investigação, como foi o caso de Ângela Nagai, relacionando a pesquisa do teatro aristocrático japonês com o candomblé; e Alice K., que montou peças importantes como o "Hagoromo de Zeami", a partir da tradução do poeta Haroldo de Campos.

No que se refere ao butô e à dança contemporânea, as experiências mais marcantes têm sido realizadas por artistas que partilham buscas similares e não necessariamente uma relação direta com este ou aquele modelo estético. O pioneiro foi Takao Kusuno, que chegou ao Brasil no final da década de 70. Quem teve a oportunidade de assistir aos espetáculos dirigidos por Takao, não guarda dúvidas quanto à sua enorme influência sobre nós, e não apenas entre aqueles que se interessavam pelo butô ou pelo Japão. Takao foi importante para todos que buscavam mais do que reproduzir um modelo já dado de dança, ansiando por responder a uma questão. Esta poderia ser como aquelas que partem da percepção de coisas simples como andar ou tomar um sorvete sentindo a sensação gelada descendo pela garganta, até inquietações mais complexas, como a de mudar um estado corporal sem se mover, sem falar, ouvindo internamente a música de um violino inexistente. 

No Japão, Takao começou como artista plástico em uma época conturbada de pós-guerra e difíceis acordos entre japoneses e americanos. Foi quando trocou a sua terra natal, Hokkaido, por Tóquio e de artista plástico, logo se transformou em uma espécie de "interventor cênico", participando de espetáculos com Akaji Maro, o fundador da companhia Dairakuda-kan, de onde partiram os principais artistas da segunda geração da dança butô japonesa.

Awa-odori | A dança folclórica japonesa
Awa-odori é uma dança folclórica da província de Tokushima, localizado na Ilha de Shikoku. É uma dança típica que representa o carnaval japonês, comemorado durante as festividades de verão. A tradução literal da palavra significa:

awa = antigo nome de Tokushima, “Awa no Kuni”

odori = dança

A origem desta dança deu-se na Era Azuchi Momoyama (1587), durante a comemoração do término da construção do Castelo de Tokushima (Tokushima-Jyo). Muitas pessoas se embriagaram com a fartura de saquê e dançaram, tropeçando para frente e para trás. Algumas pegaram instrumentos disponíveis à sua volta e começaram a acompanhar a dança com canções. Hachisuka Iemasa, o daimyô da província, prestigiava a festa e gostou da performance. Incentivou mais pessoas para participar da dança e surgiu assim, o awa-odori.

Mas existem outras versões sobre a origem desta dança. Alguns dizem que o awa-odori surgiu de festas elegantes realizadas por dançarinos de Kyoto, para entreter os samurais. Outros dizem que é uma dança para saudar os espíritos durante a temporada do Bon, festividade em que se celebram as almas dos antepassados com danças em grupo, lembrando-se saudosamente da sabedoria dos antepassados.

No awa-odori os homens dançam livres, aparentemente desordenados e sem coordenação. Vestindo trajes leves, como yukata masculino, happi, hatimaki (faixa em volta da cabeça), tabi (meias com solas de borracha) e na cintura, presa com uma faixa preta, uma espécie de garrafa de saquê. As mulheres, com movimentos leves e sensuais, dançam em trajes típicos da região, como o yukata, kasa (chapéu comprido de palha, afinados nas extremidades e largas no meio) e o gueta (tamanco apoiado sobre travessas de madeira).

Os dançarinos são agrupados em equipes chamados de ren. Eles dançam pelas ruas, acompanhando os sons de shamisen, taikô, flautas e sinos. Os seus movimentos são simples, bastam mover as pernas e braços com o máximo de vigor possível. Uma das regras da dança é manter as mãos e os braços acima do ombro enquanto se dança. Isto é considerado bastante incomum na maioria dos estilos de dança japonesa.

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